Desde 2002 que a Alemanha tem acumulado excedentes na sua Balança Corrente:
Fonte: http://www.tradingeconomics.com/germany/current-account
Este excedente apenas é comparável ao da Arábia Saudita, que é o maior produtor e exportador de petróleo, ou com o da China, cuja população tem uma dimensão 17 vezes maior, e trabalha sem direitos sociais:
Fonte: The World FactBook
Perante estes números parece evidente que Alemanha é a primeira interessada no Euro, mas têm surgido muitos comentários a dizer o oposto.
Enquanto não tivermos relações comerciais com os extra-terrestres, os excedentes de uns correspondem necessariamente aos défices dos outros. Da intensificação das relações comerciais no Mercado Interno Único (Europeu), saíram vitoriosos a Alemanha e os países vizinhos desta sem pretensões para afirmação como potências: Holanda, Suécia, Dinamarca, Áustria, Finlândia e Luxemburgo.
Fonte: http://epp.eurostat.ec.europa.eu/statistics_explained/index.php/Balance_of_payment_statistics
Portugal tem o azar de estar afastado da locomotiva por duas composições: Espanha e França. Sendo um país periférico, nunca poderá tirar tanto benefício do Mercado Comum, mas mais grave ainda é continuarmos a exportar Sol, azeite e cortiça (produtos baratos) em vez de exportar automóveis, electrodomésticos e equipamentos industriais (produtos caros). Só será possível produzir e vender produtos caros, incorporando nos mesmos mais trabalho e tecnologia, desenvolvendo a indústria e a estrutura da economia.
A assistência financeira só pode comprar tempo, mas não aborda as causas da crise. É como um analgésico. Se não forem tomadas as célebres medidas estruturais para garantir que se vai curar a doença, ficará pior cada vez que o efeito desaparece. Gaspar continua a insistir no défice como objectivo único, mas tem a seu lado Relvas que transformou o Continente em 308 Madeiras! Respeita as big four das PPP, etc.
Assim a austeridade não tem sentido, e à medida que a repartição do rendimento é cada vez mais inequitativa, a política económica perde moralidade. A única forma de dar os parabéns a Vitor Gaspar é felicitá-lo por estar a "governar" para os alemães, que afirmam que "Portugal está no bom caminho". “Até agora, o país tem cumprido as suas obrigações”, suspendendo os subsídios de férias e 13.º mês, vendendo ao desbarato o escasso tecido produtivo através das privatizações e encontra-se em curso uma reforma laboral que nos aproximará da China... Assim os alemães terão - talvez, se não matarem a economia - garantias de que receberão todo o crédito concedido. Mas se chamarem a isto "governar": cortar salários, vender empresas e aumentar impostos... suponho que o país viveria melhor sem Governo!
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