quarta-feira, 6 de maio de 2009
O termómetro de Nuno Crato
Para Nuno Crato em primeiro lugar é preciso seriedade na avaliação dos alunos. Disse que em Portugal não há exames, porque os que se fazem a Português e Matemática não são comparáveis, porque todos os anos mudam os critérios de avaliação, variam os conteúdos e até o tempo de duração da prova. Ninguém sabe comparar um 14 com um 10 de cinco anos atrás.
O problema para Nuno Crato está na produção de estatísticas pelo Ministério da Educação, que não fiáveis, visto que é parte interessada. A sua solução para a educação assenta nos seguintes pontos:
- Generalização dos exames;
- Atribuir uma maior ênfase aos conteúdos em detrimento dos processos;
- Ter um organismo independente do Ministério da Educação a organizar os exames e a produzir as estatísticas.
Então Nuno Crato poderia utilizar o seu termómetro para avaliar professores sem o incómodo de sair do seu gabinete. Seria simples, explicou-se assim:
Os professores devem ser avaliados com base em quê? Com base nos resultados, do valor acrescido aos seus alunos.
Um professor que pegue numa turma que vem com média de 15 e que ao fim de dois anos entregue essa turma com média de 13, é muito pior professor que aquele que pega numa turma com média de 10 e ao fim de dois a faça subir para 12. Mas como é que isto pode ser feito? Através dos exames nacionais.
Gostaria de ter a fezada que o Nuno Crato tem na fiabilidade dos exames nacionais ;)
Eu gostaria de recordar que quando se faziam exames no 12º ano, os professores se queixavam de não terem tempo para fazer o tipo de trabalho que deviam, pois se utilizassem as aulas a “formatar” os alunos para exame, estes obteriam melhores resultados. Como consequência desta argumentação nunca se exploraram as funções programáveis das calculadoras, por exemplo. Hoje as folhas de cálculo estão tão acessíveis que já não vale a pena pensar nas máquinas de calcular, mas seria uma pena expulsar os computadores da sala de aulas só para obter melhores resultados nos exames, e aplicar aritmética de merceeiro na avaliação de professores.
Segundo a "teoria do valor acrescido" é indiferente levar uma turma de 10 para 12 ou 13 para 15! De 17 para 19 também é a mesma coisa, são igualmente 2 valores de diferença! Qualquer professor sente que estas situações são diferentes, porque também na educação os rendimentos são decrescentes à escala, utilizando o jargão dos economistas.
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