Quem diria que chegaríamos a 2026? Lembro-me como se fosse ontem de, lá por 1995, tentar convencer o meu Windows 3.11 a cooperar com o mundo exterior. Naquela altura, ter uma ligação à Internet era um privilégio, um ritual místico que começava com o clique no ícone do Chameleon (ou Trumpet Winsock!), o nosso portal para o desconhecido.
A melodia inconfundível do modem de 14.400 bps (e mais tarde o alucinante 28.800 bps!) a tentar ligar, aquela sinfonia de "ATDT... CONNECT 14400/REL/V42BIS" que ecoava pela casa, era a banda sonora da nossa entrada na era digital. Cada bip, cada chiado, cada tentativa falhada era um teste à nossa paciência, mas a recompensa era... enorme!
E que recompensa! A instalação do Netscape Navigator (sim, antes do Explorer ser a 'coisa') era uma aventura à parte. Aquele momento glorioso em que o software perguntava se nos encontrávamos num "país ocidental" era a porta de entrada para um mundo sem fronteiras. A ansiedade era real: seríamos dignos de aceder à World Wide Web?
Foi nessa era de pixels gigantes e páginas que carregavam letra a letra que descobrimos os Newsgroups. E para nós, lusitanos espalhados pelo globo, o epicentro da comunidade era o lendário "soc.culture.portuguese". Ali, trocávamos ideias, partilhávamos receitas, discutíamos futebol e tentávamos decifrar acrónimos como se fosse uma nova língua. Era o nosso Twitter, Facebook e fórum, tudo num só, sem anúncios nem algoritmos a decidir o que víamos.
Saltamos agora para 2025, e a evolução é vertiginosa. De dial-up a 5G, de e-mails em ASCII a videochamadas em HD com pessoas que nunca conhecemos pessoalmente (mas que já vimos em 4K). O que era ficção científica no tempo do Windows 3.11 é agora a nossa realidade quotidiana.
E o que nos espera em 2026? Inteligência Artificial a gerar os nossos textos (quem sabe se esta não foi feita por uma... shhh!), realidades virtuais cada vez mais imersivas, e talvez, quem sabe, um assistente de voz que finalmente perceba o sotaque minhoto.
Por isso, desejo a todos um próspero 2026! Que a vossa saúde seja tão robusta quanto a bateria de um Nokia 3310, que a vossa felicidade seja tão constante quanto um uptime de servidor dos anos 90, e que a vossa curiosidade continue a impulsionar-vos a explorar este mundo digital em constante mudança.
Que as nossas ligações sejam fortes e que nunca mais tenhamos de ouvir o som de um modem a falhar.
Até à próxima actualização!

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