Confesso que nunca me ocorreu escutar conversas na casa-de-banho. É uma zona privada que utilizamos para nos recompor, e eventuais conversas, sempre muito rápidas, não merecem qualquer significado especial, até que Filomena Mónica resolveu fazer “ciência” porque se treinou a espreitar para dentro do mundo dos outros e gosta de escutar conversas entre homens... Não resisti a fazer umas observações a um artigo tão interessante ;)
A meio da crónica diz que se quiser observar um macho latino terá de ir a Itália… mas no final parece querer fundar uma associação protectora da espécie.
- Voltando ao princípio, gosto da ideia de "coutada", expressa na sentença judicial, porque ela remete para um espaço fechado, onde, por estarem em vias de extinção, os animais vivem semi-protegidos. O macho latino é, na minha opinião, o nosso lince da Malcata: claro que ainda existem sinais da sua actuação, mas, no fundo, já não são o que eram.
http://aeiou.expresso.pt/o-macho-latino-segundo-maria-filomena-monica=f538499
Os homens já não os machos latinos que foram, mas as mulheres também mudaram. É interessante que tenha observado que a concepção da mulher como mãe já foi mais importante. Os homens que enviam satélites para o espaço também sabem que as actuais taxas de fecundidade já são insuficientes para assegurar a preservação das culturas. A concepção das mulheres como putas resulta de estas terem deixado de equacionar a sua vida familiar, encarando os homens como parceiros – mutáveis – nas suas relações.
Proponho ainda a reformulação da sua tese para a divisão qualitativa. Na minha humilde opinião ficaria melhor assim:
Há ainda outra divisão, esta qualitativa. Para a maioria dos homens, as mulheres dividir-se-iam entre as que, na cama, são boas e as que são más. Segundo eles, haveria um critério objectivo - o tamanho das mamas e das nádegas - que lhes permitiria separar umas das outras. As mulheres que sabem da arte com um, certamente demonstrarão idêntica sabedoria com outro que desejem. Adquire então particular importância a sua própria competência e, quando o fazem, contam quantas vezes conseguem penetrar a mulher na mesma noite.
O pensamento do macho latino é a preto e branco, enquanto o pensamento feminino tem toda a palete de cores e tonalidades. Num mundo multicolor, plural e complexo o tipo de raciocínio do macho latino já não permite explicar a realidade. Foi explorando este desajustamento do macho latino à actualidade, provocado pela complexificação do real que Filomena Mónica escreveu a sua crónica. Realmente os homens não querem só ter uma boazona na cama, mas também lhes dá jeito que contribua para o orçamento familiar com outro rendimento. Aí deixa de ter tanto tempo para ser mãe... e cada qual desembrulha-se do problema à sua maneira.
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