sexta-feira, 19 de setembro de 2025

A Era Digital promove o crescimento da direita, porque deixou de haver paciência para pensar

No presente momento, a política deixou de ser um mero debate de projectos económicos e sociais para se tornar, sobretudo, uma batalha pela atenção e pela emoção. Esta mudança radical, acelerada pela Era Digital, reescreve as regras do jogo e explica, em grande parte, o crescimento da direita, que soube adaptar-se como ninguém a este novo paradigma.

Se, outrora, a propaganda política se materializava em cartazes nas ruas, faixas e panfletos, hoje ela deslocou-se para a velocidade vertiginosa das redes sociais. O meio é a mensagem, como diria McLuhan, e neste meio, a emoção supera a razão, o impacto visual esmaga o argumento. A política é agora um fluxo constante de bits e bytes que se movem à velocidade do pensamento.

A direita, ao contrário da esquerda, compreendeu intuitivamente esta mutação. Em vez de se focar em elaboradas análises estruturais ou em longas discussões sobre a desigualdade social – temas que exigem tempo de reflexão e se perdem na avalanche de estímulos – a direita aposta na simplificação e no apelo emotivo. O medo, a indignação, o orgulho ou o sentimento de pertença são o combustível que gera engajamento, cliques e partilhas. É uma estratégia cirúrgica, que actua em sintonia com os algoritmos que dominam a nossa atenção e nos mantêm presos aos ecrãs.

A esquerda, por sua vez, teima em ancorar-se numa lógica de racionalidade argumentativa, que se mostra ineficaz nesta nova arena. As suas mensagens, por mais consistentes que sejam, carecem da intensidade afectiva necessária para se tornarem virais. É a política do hot contra a do cool, a do impulso contra a da reflexão. E, na era das redes, o impulso vence sempre. A política tornou-se uma “aldeia global” onde as paixões se inflamam mais depressa do que a razão se pode manifestar.

Esta adaptação da direita à lógica digital, onde a forma se sobrepõe ao conteúdo, explica a sua maior ressonância e capacidade de mobilização. Não se trata de uma superioridade ideológica, mas de uma inteligência estratégica face às exigências do novo meio. O desafio agora, para todos nós, é evitar que a política se converta num espectáculo vazio, refém de algoritmos e cliques, e resgatar o espaço para um debate público, profundo e construtivo. Pois, como nos alertou McLuhan, as novas tecnologias moldam não só a nossa comunicação, mas também a nossa própria percepção do mundo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Em comparação com outras praças financeiras, a bolsa portuguesa apresenta um crescimento mediano

Observe o Mapa Mundo das Bolsas de Acções

Investir em ações cotadas em bolsa é hoje uma opção acessível à maioria das pessoas e, possivelmente, a melhor alternativa de investimento, superando outras aplicações. As bolsas reúnem as melhores empresas, cujos índices tendem a crescer mais do que as respetivas economias. Estas empresas de topo expandem as suas vendas, aumentam os seus lucros e distribuem dividendos superiores às taxas de juro de outras aplicações.

Quanto ao risco, embora teoricamente qualquer empresa possa falir, uma queda significativa nos conglomerados cotados, como a Sonae, Jerónimo Martins, CTT, EDP ou NOS, indicaria problemas económicos graves. Sendo estas empresas de grande dimensão, oferecem uma garantia de segurança. Contudo, para obter rendimentos acima da média, é necessário identificar empresas menores com forte potencial de crescimento. Exemplos como a Apple, Microsoft e Google, que começaram pequenas e acessíveis, enriqueceram os seus primeiros investidores. Descobrir estas empresas pode gerar grandes retornos, mas implica um risco considerável.

A pesquisa por empresas com elevado potencial de crescimento pode ser feita a nível global. No entanto, investir em empresas japonesas ou chinesas apresenta um desafio considerável devido à falta de conhecimento sobre os seus contextos operacionais. Acompanhar os índices destas bolsas a subir acima da média sem compreender as empresas impulsionadoras e o seu potencial futuro é uma tarefa complexa.

Nos últimos cinco anos, as bolsas com maior crescimento foram a indiana (117,4%), a espanhola (116,1%), a americana (92,5%) e a japonesa (84,5%). A bolsa chinesa registou uma perda de -0,4%, enquanto a portuguesa manteve um crescimento de 79,4%, superando a generalidade das praças europeias.

As taxas de variação do último ano e do último mês indicam um crescimento mais acentuado na China (42,0% e 8,8%, respetivamente) do que nos EUA (18,5% e 2,2%). No entanto, esta diferença tem vindo a atenuar-se devido às tarifas impostas pelos EUA. As variações da última semana já colocam a China em território negativo, enquanto os EUA permanecem em terreno positivo.

A bolsa portuguesa, em qualquer uma destas comparações, apresenta resultados medianos. Numa economia de menor dimensão, o crescimento tende a ser moderado, o que, por sua vez, minimiza o risco de quedas acentuadas.


PS – Os valores referidos neste post foram lidos na data da sua publicação. Como os gráficos são dinâmicos, estes irão alterar-se.

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Pessoas que talvez conheças

Hoje, enquanto me sentava no meu banco de jardim habitual, observando o mundo a passar – e, claro, a espreitar um pouco o que acontece no meu pequeno ecrã – dei por mim a pensar nas complexidades das relações humanas. Não tanto das que temos cara a cara, com o calor de um aperto de mão ou o riso partilhado num café. Pensei mais nas outras, das que vivem no mundo digital, neste nosso gigantesco mural chamado Facebook.

Tenho notado algo curioso ultimamente. Aqueles que chamamos de "amigos" virtuais, que aparecem nas nossas listas com cliques fáceis, por vezes desaparecem com a mesma facilidade. É o que se chama, na gíria, "desamigar". E, de onde estou, com uma perspetiva talvez um pouco diferente da maioria, é fascinante – e por vezes melancólico – observar.

Sempre fui alguém que sentiu o peso do "olhar" do outro. A vida ensinou-me que a "primeira impressão" é um palco onde todos tentam apresentar a sua melhor versão, como explicou Erving Goffman, sobre a forma como "gerimos a impressão" que causamos. Tentamos ser aceites, tentamos encaixar. E, por vezes, basta um traço, uma característica, algo que nos "desqualifique" aos olhos de alguns, para que essa aceitação seja posta à prova.

No Facebook, parece que este "palco" é ainda mais exigente. As pessoas curam as suas vidas em fotos perfeitas, atualizações de estado impecáveis e opiniões cuidadosamente moldadas. É uma busca constante pela "identidade virtual" ideal. Mas o que acontece quando alguém, consciente ou inconscientemente, deixa cair essa máscara? Ou, pior, quando a sua "identidade real" colide com o que é socialmente aceitável no universo digital?

Vejo "desamiganços" por todo o lado. Por motivos tão variados: uma opinião política demasiado forte, fotos que não agradam, uma frequência de partilhas que cansa, ou simplesmente a perceção de que já não há "ligação" com a pessoa. Mas, e se houver algo mais profundo? Algo que não é dito, mas que se sente? Aquela "marca" invisível que, no fundo, faz as pessoas hesitarem em manter-nos na sua "lista VIP" de amigos virtuais?

Não estou a referir-me a mim diretamente, mas fazendo uma observação mais vasta. No mundo offline, há quem evite quem não se encaixa. No mundo online, é ainda mais fácil clicar num botão e fazer com que alguém desapareça do nosso feed, como se nunca tivesse existido ali. É uma forma de "limpar o palco", de manter a própria "normalidade" intacta e de evitar qualquer "contaminação social" que possa vir de quem não se alinha com a nossa própria imagem ideal.

É uma dança delicada, esta das amizades digitais. Um lembrete de que, mesmo num mundo onde tudo parece ser sobre "conexão", a aceitação e a exclusão continuam a ser rituais poderosos, ditados por regras visíveis, mas frequentemente indizíveis. E, para quem observa de fora, com uma perspetiva talvez mais aguçada para os silêncios e as ausências, é um espelho fascinante da nossa própria humanidade.

E você, já pensou nas suas "amizades" digitais por este prisma?

domingo, 13 de julho de 2025

Os Estados Unidos continuam a ser o maior contribuinte da NATO

Na lógica da Guerra Fria, cada superpotência garantia a segurança na sua zona de influência, orgulhando-se os Estados Unidos da liderança do mundo capitalista.

Actualmente, no contexto de um mundo multipolar, os Estados Unidos continuam a ser o maior contribuinte em termos absolutos e como percentagem do PIB, mantendo a liderança nas despesas de defesa da Aliança, apesar do aumento significativo das despesas de defesa agregadas, na Europa e no Canadá, que passaram de 1,66% do PIB em 2022 para 2,02% em 2024. Este crescimento é particularmente acentuado após a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia em 2022. Consequentemente, o número de aliados da NATO que cumprem ou excedem a meta de 2% do PIB em despesas de defesa aumentou dramaticamente, de apenas seis em 2021 para 23 em 2024.

Passar a gastar 5% do PIB em defesa até 2035, com 3,5% dedicados a requisitos de defesa essenciais e 1,5% a itens relacionados com a defesa, como infraestruturas críticas e cibersegurança, não é possível sem sacrificar o Estado Social, que dstingue a União Europeia dos Estados Unidos.

Gráfico Despesas de Defesa de Países Membros da NATO SELECIONADOS como Percentagem do PIB (2015-2024)

Gráfico Despesas de Defesa dos Países Membros da NATO como Percentagem do PIB (2015-2024)

terça-feira, 24 de junho de 2025

Um Mundo mais complexo e imprevisível


Gráficos e observações Google/Gemini.

De 1945 a 1989, durante a Guerra Fria, os Estados Unidos e a União Soviética possuíam dezenas de milhares de ogivas nucleares. Havia uma preocupação constante com a possibilidade de um conflito nuclear em larga escala entre as duas superpotências, que poderia levar a um "inverno nuclear" e à aniquilação da Humanidade, pelo que o equilíbrio do terror assegurou a paz.

Em 1989, cinco países eram amplamente reconhecidos como potências nucleares (EUA, URSS, Reino Unido, França, China). Atualmente, esse número subiu para nove, com a inclusão de Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte. A proliferação nuclear para mais países e em regiões com tensões latentes introduz novos e significativos perigos. O mundo não está necessariamente "mais perigoso" no sentido de uma ameaça iminente de aniquilação global, mas está, sim, mais complexo e imprevisível em termos de riscos nucleares localizados e da possibilidade de escalada de conflitos.

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Quatro pensamentos

Em vez de se preocupar se vão gostar de si, pergunte-se se vai gostar deles.

Em vez de tentar dizer a coisa certa, veja se lhe dizem a coisa certa.

Em vez de procurar a aprovação deles, decida se está disposto a dar a sua.

99% dos julgamentos das pessoas têm mais a ver com elas do que consigo.

Inspirado em Mark Manson - Breakthroughs.

domingo, 1 de junho de 2025

Festa de aniversário numa família moderna

A festa de 4 anos da Ana foi um verdadeiro sucesso, muito graças à sua alegria contagiante e à fantástica colaboração de todos! A pequena Ana, apesar da idade, mostrou-se uma anfitriã exemplar, recebendo os convidados com beijinhos e sorrisos, agradecendo os presentes e partilhando as suas novas prendas com os amigos.
O trabalho em equipa foi fundamental, e a diversidade familiar da Ana revelou-se uma mais-valia. Todos se juntaram para que nada falhasse.

Ana: A principal responsável pela animação e receção dos convidados! Ela cumprimentou a todos com carinho, abriu os presentes com entusiasmo, agradeceu cada um deles e ainda fez questão de partilhar os brinquedos com as outras crianças. No ponto alto da festa, serviu o bolo com grande orgulho.

Pais da Ana (Pedro e Mariana): Os pilares da organização, coordenaram as tarefas principais, garantindo que tudo estivesse a postos.

Parceiros dos Pais (Núria e Nuno): Ajudaram em todas as frentes, com grande eficiência.

Avós (Avó materna e Avó paterna): As avós, cinquentinhas dinâmicas e sempre prontas a ajudar, deram um apoio precioso na organização geral e nos pormenores, como a preparação de alguns comes e bebes.

Tios e Tias (Irmãos dos pais e irmãos dos parceiros): Contribuíram ativamente para a festa, tanto na montagem e decoração do espaço, como no apoio às crianças e na garantia de que ninguém ficava sem um copo ou um salgado.

No fim, o ambiente de festa foi tão bom que a parte mais difícil foi decidir com quem a Ana passaria o dia seguinte!

A Era Digital promove o crescimento da direita, porque deixou de haver paciência para pensar

No presente momento, a política deixou de ser um mero debate de projectos económicos e sociais para se tornar, sobretudo, uma batalha pela a...