terça-feira, 6 de agosto de 2019

A corrupção apodreceu o regime

Nestes dias discutiu-se a questão das golas antifumo e a lei das incompatibilidades. Brevemente surgirão novas polémicas, que farão esquecer estas. Aqui se deixam alguns destaques para que não se esqueçam os problemas estruturais, que estão da origem das notícias que nos adormecem todos os dias. Sem encarar de frente a corrupção (Sistema Nacional de Integridade), sem um Estado forte que nos proteja da ganância dos poderosos, os “novos” casos jamais deixarão de surgir.

Porque é que políticos e titulares de cargos públicos estão a intervir cada vez mais na economia real do país e a criarem oportunidades de mercado a empresas amigas que nunca teriam nenhuma viabilidade em termos económicos, financeiros, ou à luz das regras da boa gestão? (JGF, 00:50)



Nós não temos cultura empresarial, prevalecendo a cultura portuguesa que não fomenta a meritocracia, mas o amiguismo. Não pomos à frente dos interesses particulares, os interesses da sociedade, de Portugal. (EC, 02:40)

Os políticos tem três objectivos: 1º manterem-se no poder; 2º terem muitos apaniguados a quem dão empregos; e 3º muitos financiadores a quem dão negócios. (PM, 09:40)

Um prejuízo com os incêndios superior a 0,8% do PIB dispara automaticamente as ajudas comunitárias. (ACP, 18:50)

Aplicar a lei das incompatibilidades aos quatro ou cinco políticos hoje falados levanta um problema de regime. É que observando as ligações dos outros e aplicando-se-lhes a mesma lei, 50% dos políticos ficariam na cadeia. (ACP)

Precisamos de mecanismos de verificação porque os casos de incompatibilidade existem no concreto, não em termos abstractos. Em Portugal existem leis para tudo, mas não existem mecanismos de verificação para nada. (JPB, 27:40)

Porque é que nós compramos máscaras antifogo que se derretem na cara das pessoas, pagas a mais do dobro do preço? (...) Será um militante fiel do Partido Socialista que consegue receber um lucro brutal na sua empresa e posteriormente reencaminhar boa parte deste para o partido, financiando-o ilegalmente? (JPB, 29:40)

A melhor liderança funciona pelo exemplo. Quando António Costa pede um parecer à PGR, sobre uma lei que ele próprio fez, sobre uma lei que é linear, e o vice-PM vem dizer que a lei não é para se levar a sério, não é para ser lida de forma textual, não podemos pedir à sociedade que actue de forma diferente. Portanto, vamos exigir o quê à Protecção Civil? (EC, 35:00) (...) O que interessa é o silêncio. O que interessa é arranjar já outro caso a seguir, para a população, os jornalistas, os programas de televisão esquecerem essa matéria e passarem à próxima.

O populismo é inevitável quando a sociedade é corrupta (ACP,54:20)

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