sábado, 29 de novembro de 2008

Disparates da "Formação em Avaliação"


Há quem trate a avaliação de desempenho como uma "ciência", mas obviamente que não deixa por isso de inventar. Quando a solução proposta é manifestamente desadequada do contexto, então surge a contestação fundamentada. Foi o caso, na secundária de Camões ou Rainha D. Amélia, em Lisboa.

  • Dúvidas de que o modelo era “confuso e injusto” nunca teve Isabel le Gué. Mas a presidente do conselho executivo da secundária Rainha D. Amélia, em Coimbra, tentou aplicá-lo nos últimos meses na sua escola... até chegar à conclusão de que era inaplicável. Nesta escola, dita elitista e pouco contestatária, a lei era para cumprir e havia que simplificar. Os professores entregaram os objectivos individuais e até realizaram aulas assistidas. Porém, há 10 dias, na sequência de reuniões de departamento e da moção aprovada em assembleia geral, a escola suspendeu todos os procedimentos relacionados com a avaliação. E enviou um ofício a informar a tutela da decisão. “com a consciência de que as consequências são individuais”.

    O “copo já estava cheio”(com o novo estatuto da carreira docente e a divisão da carreira em titulares e não-titulares) e a avaliação parecia ser a gota de água. Mas o verdadeiro transbordar aconteceu quando os professores avaliadores foram a acções de formação dadas pelo Ministério em que lhes disseram, por exemplo, que para um professor ter ‘Muito Bom’ não bastava que os alunos realizassem trabalhos para expor na escola, mas que era necessário quantificar o número e a satisfação dos visitantes da comunidade. “Quando a lei é complexa e ambígua dá margem para o disparate”, sublinha esta professora com 22 anos de ensino. Ou seja, o ridículo e o grave acontecem e não é sempre “porque as escolas complicam”, como acusou a ministra da Educação.

    Nesta escola, como na de Camões (cujos professores em reunião geral, no dia 5, aprovaram uma moção apelando à suspensão do processo), a maioria dos contactados pelo Expresso não são sindicalizados e as primeiras manifestações em que participaram na vida foram a de 8 de Março e as de Novembro.
    EXPRESSO (Assinatura) 29/Nov/2008

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