sexta-feira, 4 de abril de 2008

27% = 0 para Mariano Gago

Quando cheguei ontem à aula de Economia fui confrontado com a novidade:

- Então professor! Não há desemprego entre os licenciados! Foi o que o Ministro disse...

  • O ministro da Ciência e Ensino Superior está convencido de que quase não há licenciados desempregados em Portugal...


Sabiam que aquela novidade ia contra as minhas lições, porque o que sempre tinha dito até ali é que a licenciatura garante cada vez menos o emprego. Este post repõe a minha resposta num ambiente mais alargado.

O organismo oficial responsável pelas estatísticas em Portugal é o INE. O quadro abaixo reproduz o quadro que encontrará hoje quem seguir o este link.



Observando o quadro é fácil constatar que segundo os dados mais recentes, relativos ao quarto trimestre de 2007, entre os indivíduos com nível de escolaridade superior, que se encontram no grupo etário abaixo dos 24 anos a taxa de desemprego atinge os 27,4%. No grupo etário dos 25 aos 34 anos o desemprego é menor, mas 11,8% não são nada desprezíveis, sobretudo para as mulheres, cuja taxa de desemprego ultrapassa o dobro da homóloga masculina (14,5% para 7,1%).

Os estudantes de Economia conhecem o conceito de desemprego friccional: um desempregado não encontra imediatamente um novo empregador, assim como um estudante não encontra o emprego que deseja imediatamente depois de concluir o seu curso... mas os valores estimados pelo INE são demasiado elevados para interpretar o desemprego estrutural dos licenciados como se fosse friccional.

As habilitações académicas podem mesmo revelar-se um obstáculo ao emprego, porque na perspectiva dos “empresários” que temos apenas os custos aumentam quando contratam licenciados, mestres ou doutores... O vídeo abaixo mostra alguns casos paradigmáticos de desemprego estrutural.




Mariano Gago já aprendeu umas coisas com o “aluno exemplar” que foi José Sócrates!

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Retrato com 60+ anos