quarta-feira, 22 de abril de 2009

Amanhã temos de chegar a horas à aula de Chinês!


Estamos numa fase difícil. Durante o primeiro e segundo períodos sempre se realizaram lanches à quarta-feira na minha escola, que fomentavam o convívio e mostravam a união na luta contra o modelo de avaliação. Estes lanches deixaram de se realizar neste período por falta de “clima”, visto que uns simpáticos resolveram tirar proveito da confusão para simular que estão a ser avaliados. Imaginem a disposição para o convívio que me deu ouvir um aluno a dirigir-se para os colegas com este aviso:

- Amanhã temos de chegar a horas à aula de Chinês(1), porque vêm assistir à aula da professora aqueles doutores!

Creio que os lanches das quartas-feiras são um barómetro seguro do estado da alma dos professores, porque a observação não poderia ser mais directa, nem o "tema" ser mais abrangente.

Ensinou-me a Sociologia a ser comedido nos comentários, para evitar conclusões precipitadas. Os blogues “especialistas em educação” afinam pelo diapasão da desmobilização, mas creio que estão a precipitar-se. Na minha opinião estão a fazer um compasso de espera, observando o que este simplex dá, porque no início do próprio ano ninguém aguentará novamente o modelo do DR 2/2008 com todos os itens.

A avaliação que está ser feita é uma farsa, que pode ser ensaiada para duas ou três aulas, que não são representativas das restantes. Quando o aluno se referiu à "aula da professora" enfatizou bem que se tratava de uma palhaçada! O avaliador vai simplesmente observar a reacção à sua presença, e tomará o espectáculo como aulas representativas de Chinês!

O mínimo exigível seria que os avaliadores conhecessem as armadilhas da observação participante! Mas isso seria se a observação directa fosse utilizada como técnica do método científico... Aqui encontra-se reduzida a componente de um processo administrativo, e naturalmente que não é suposto que os agentes conheçam as técnicas de investigação sociológica. Para quem é, bacalhau basta.




(1) Mudei o nome da disciplina para não identificar o/a colega.

1 comentário:

António disse...

Aqui está um post que eu assinaria por baixo, José.
Nomeadamente, quando afirmas que as pessoas estão a fazer um compasso de espera. Falo por mim: irei manifestar o meu desagrado agora em Maio em manifestações e o que houver, mas não tenho ilusões: isto só vai lá com uma nova equipa ministerial. No próximo governo. Sem maioria, de preferência.
Farei a minha parte. Muitos milhares de professores irão fazer o mesmo, estou certo. A arrogância vai ser engolida. Toda.

Retrato com 60+ anos