segunda-feira, 17 de março de 2008

A distribuição Normal e conflito entre o ME e os sindicatos

Naturalmente que há interesses conflituantes, mas sobre esses não me quero aqui referir. Gostaria apenas de enfatizar neste post que o conflito entre o ME e os sindicatos poderá resultar em parte das próprias ferramentas cognitivas que utilizam, designadamente da curva normal. A curva normal padrão, com média 0 (zero) e desvio padrão 1 (um) apresenta a seguinte configuração.


Na sua caracterização apresentam-se geralmente as percentagens definidas pelos valores:
- a média mais ou menos 1 desvio padrão


- a média mais ou menos 2 desvios padrões


- a média mais ou menos 3 desvios padrões



Recordando as suas aulas de Estatística elementar os sindicatos argumentarão que a generalidade dos professores (99,7%) têm um desempenho mediano, não fazendo sentido implementar mecanismos de avaliação que apenas satisfariam o ego de conjunto reduzidíssimo de profissionais.
Por seu lado, o ME recordará igualmente a sua Estatística elementar, mas incluirá apenas na classe mediana 68% dos docentes, justificando assim a sua persistência em implementar um modelo de avaliação dos professores.

  • "Em qualquer grupo [profissional], se todos puderem ser excelentes o que está errado é a própria definição de excelência", disse Jorge Pedreira na abertura do seminário 'A escola face à diversidade: percepções, práticas e perspectivas' que decorre hoje no Conselho Nacional de Educação, em Lisboa.
    PÚBLICO, 29.05.2008


  • A Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) manifestou hoje a sua “completa rejeição” do despacho que estipula as quotas para as classificações mais elevadas no âmbito da avaliação dos professores, por não permitir uma “avaliação correcta” dos docentes.
    PÚBLICO, 29.05.2008



Qualquer das partes envolvidas teria interesse em observar o que se passa noutros países desenvolvidos, como a Finlândia, para se libertar desta linguagem de debate e de pensamento introduzida pela Estatística.

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